Gestante / Parturiente / Nutriz HIV + e criança exposta

ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS

Descrição

A patogênese da transmissão vertical do HIV está relacionada a múltiplos fatores. Entre esses destacam-se: fatores virais, tais como a carga viral, genótipo e fenótipo viral; fatores maternos, incluindo estado clínico e imunológico, presença de DST e outras co-infecções e o estado nutricional da mulher; fatores comportamentais, como o uso de drogas e prática sexual desprotegida; fatores obstétricos, tais como a duração da ruptura das membranas amnióticas, a via de parto e a presença de hemorragia intraparto; fatores inerentes ao recém-nascido, como prematuridade, baixo peso ao nascer; e fatores relacionados ao aleitamento materno.

Agente etiológico

É um vírus RNA. Retrovírus denominado Vírus da Imunodeficiência
Humana (HIV), com 2 tipos conhecidos: o HIV-1 e o HIV-2.

Reservatório

O homem.

Modo de transmissão

Da mãe para o filho durante a gestação e parto e pela amamentação por mãe/nutriz HIV+ (aleitamento cruzado).

Período de incubação

É o período compreendido entre a infecção pelo HIV e o aparecimento de sinais e sintomas da fase aguda, podendo variar de cinco a 30 dias. Não há consenso sobre o conceito desse período em aids.

Período de latência

É o período compreendido entre a infecção pelo HIV e os sintomas e sinais que caracterizam a doença causada pelo HIV (aids). Sem o uso dos anti-retrovirais, as medianas desse período estão entre três a 10 anos, dependendo da via de infecção.

Período de transmissibilidade

A maior parte dos casos de transmissão vertical do HIV (cerca de 65%) ocorre durante o trabalho de parto e no parto propriamente dito e os
35% restantes ocorrem intra-útero, principalmente nas últimas semanas de gestação e por meio do aleitamento materno, que representa risco adicional de transmissão de 7% a 22%.

Diagnóstico

A detecção laboratorial do HIV é realizada por meio de técnicas que pesquisam anticorpos, antígenos, material genético, (biologia molecular) ou que isolem o vírus (cultura). Os testes que pesquisam anticorpos (sorológicos) são os mais utilizados, para indivíduos com mais de 18 meses. Para os menores de 18 meses, pesquisa-se o RNA ou DNA viral, considerando a possibilidade de detecção de anticorpos maternos nas crianças. O aparecimento de anticorpos detectáveis por testes sorológicos ocorre, em torno de 30 dias, após a infecção em indivíduos imunologicamente competentes. Denomina-se “janela imunológica” esse intervalo entre a infecção e a detecção de anticorpos por técnicas laboratoriais. Nesse período, as provas sorológicas podem ser falso-negativas. Devido à importância do diagnóstico laboratorial, particularmente pelas conseqüências de se “rotular” um indivíduo como HIV positivo e para se ter uma maior segurança no controle de qualidade do sangue e derivados, a Coordenação Nacional de DST e Aids, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, regulamentou os procedimentos (Portaria Ministerial Nº 59, de 28 de janeiro de 2003) que devem ser seguidos, de acordo com a natureza de cada situação. Para maiores informações veja evidência laboratorial da infecção pelo HIV em indivíduos menores de 13 anos e com 13 anos ou mais, no capítulo Aids, neste Guia. O teste rápido anti-HIV é recomendado no momento do parto, no entanto, quando utilizado, necessita de confirmação por outros testes (Portaria Ministerial Nº 59, de 28 de janeiro de 2003). Esses testes para a detecção de anticorpos anti-HIV, são considerados testes de rastreamento rápido (triagem) e fornecem o resultado em até 30 minutos, permitindo a adoção precoce das medidas de prevenção da transmissão vertical em parturientes que tiveram o status sorológico positivo conhecido no momento do parto/puerpério. São produzidos por vários fabricantes, contendo antígenos virais fixados a um suporte sólido (membranas de celulose, nylon, látex ou cartelas plásticas) permitindo a detecção de anticorpos anti-HIV 1 e 2.

Diagnóstico diferencial

Imunodeficiências por outras etiologias, como tratamento com corticosteróides (prolongado ou em altas doses) tratamento com imunossupressores (quimioterapia antineoplásica, radioterapia); algumas doenças como doença de Hodgkin, leucemias linfocíticas, mielome múltiplo e síndrome de imunodeficiência genética.

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Objetivos

Conhecer, o mais precocemente possível, o estado sorológico da gestante/ parturiente/puérpera/nutriz, para início oportuno da terapêutica materna e profilaxia da transmissão vertical; Acompanhar, continuamente, o comportamento da infecção entre gestantes e crianças expostas, para planejamento e avaliação das medidas de prevenção e controle.

Notificação

A notificação de gestantes HIV+ e criança exposta é obrigatória (Portaria Ministerial Nº 1.943/GM, de 18 de outubro de 2001).

Definição de caso

Para fins de notificação, entende-se por gestante HIV+ aquela em que for detectada a infecção por HIV. Para tanto não se espera a realização de testes confirmatórios. Entende-se como criança exposta aquela nascida de mãe infectada ou que tenha sido amamentada por mulheres infectadas pelo HIV.

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