A sífilis é uma doença sexualmente transmissível (DST) causada pela bactéria Treponema pallidum. Ela se manifesta em diferentes estágios, desde lesões na pele até complicações graves no sistema nervoso, cardiovascular e ósseo. A sífilis pode ser transmitida por contato sexual sem proteção, transfusão de sangue contaminado ou da mãe para o feto durante a gravidez.
A origem da sífilis é controversa e envolve aspectos históricos, políticos e culturais. Alguns estudiosos acreditam que a doença já existia na Europa antes do século XV, mas era confundida com outras doenças de pele[1]. Outros defendem que a sífilis foi trazida da América pelos navegadores espanhóis que acompanharam Cristóvão Colombo em sua viagem de 1492[2].
O fato é que a primeira grande epidemia de sífilis ocorreu na Europa no final do século XV, durante a guerra entre a França e a Itália pelo reino de Nápoles. A doença se espalhou rapidamente entre os soldados e a população civil, causando pânico e sofrimento. A sífilis era chamada de diferentes nomes, dependendo do país ou da região: mal francês, mal napolitano, mal espanhol, mal polonês, mal inglês, etc[3].
A sífilis também afetou personalidades famosas da história, como os reis Henrique VIII da Inglaterra e Francisco I da França, o imperador Carlos V do Sacro Império Romano-Germânico, o pintor Albrecht Dürer, o escritor Miguel de Cervantes, o filósofo Friedrich Nietzsche e o compositor Ludwig van Beethoven[4].
O tratamento da sífilis foi um desafio para a medicina durante séculos. As primeiras tentativas de cura incluíam sangrias, purgantes, dietas, banhos quentes e frios, e o uso de substâncias tóxicas como mercúrio, arsênico e guaiaco. Esses métodos eram ineficazes e muitas vezes pioravam o quadro dos pacientes[5].
A descoberta da bactéria causadora da sífilis ocorreu em 1905, pelos cientistas Fritz Schaudinn e Erich Hoffmann[6]. Em 1909, o médico Paul Ehrlich desenvolveu o primeiro medicamento eficaz contra a doença, chamado salvarsan[7]. Em 1943, a penicilina foi introduzida como o tratamento padrão para a sífilis, graças aos estudos de Alexander Fleming e Howard Florey[8].
Apesar dos avanços no diagnóstico e no tratamento da sífilis, a doença ainda é um problema de saúde pública em muitos países do mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2016 havia cerca de 6 milhões de casos novos de sífilis em adultos e 660 mil casos de sífilis congênita em recém-nascidos[9]. A prevenção da sífilis envolve o uso de preservativos nas relações sexuais, o rastreio regular das gestantes e o tratamento adequado dos casos confirmados.
Referências:
[1] Ujvari SC. A história da humanidade contada pelos vírus: Bactérias, Parasitas e Outros Microrganismos. São Paulo (SP): Editora Contexto; 2012.
[2] Gribeler APD. A concepção social da sífilis no Brasil: uma releitura sobre o surgimento e a atualidade. [Trabalho de conclusão de Curso/Especialização em Saúde Pública]. Porto Alegre (RS): Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2009.Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/17934/000725339.pdf
[3] BBC News Brasil. A primeira epidemia de DST: a história da doença sexual que levou Europa a culpar a América no século 16. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-44844848
[4] Azulay RD. História da Sífilis. An Bras Dermatol. 1988;63 (1):3-4.
[5] Silva RA et al. Sífilis: A história de um desafio atual. Revista UNIATENAS. 2020;8(1):1-10.
[6] Wikipedia. Sífilis – Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADfilis
[7] Silva RA et al. Sífilis: A história de um desafio atual. Revista UNIATENAS. 2020;8(1):1-10.
[8] Wikipedia. Sífilis – Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADfilis
[9] Organização Mundial da Saúde (OMS). Global health sector strategy on sexually transmitted infections 2016–2021: towards ending STIs [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2016 [cited 2020 Nov 30]. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/246296/WHO-RHR-16.09-eng.pdf