Descrição - A peste se manifesta sob três formas clínicas principais: bubônica, septicêmica e pneumônica. A bubônica ou ganglionar varia desde formas ambulatoriais abortivas, que apresentam adenopatia com ou sem supuração, até formas graves e letais. As formas graves têm início abrupto, com febre alta, calafrios, cefaléia intensa, dores generalizadas, anorexia, náuseas, vômitos, confusão mental, congestão das conjuntivas, pulso rápido e irregular, taquicardia, hipotensão arterial, prostração e mal estar geral. Após 2 ou 3 dias, aparecem as manifestações de inflamação aguda e dolorosa dos gânglios linfáticos da região que foi o ponto de entrada da bactéria (bubão pestoso), onde a pele fica brilhosa, distendida, vermelho- violácea, com ou sem hemorragias e necrose. São bastante dolorosas e fistulizam com drenagem de secreção purulenta. A forma septicêmica primária cursa com bacilos no sangue, ocasionando febre elevada, hipotensão arterial, grande prostração, dispnéia, fácies de estupor e hemorragias cutâneas – às vezes serosas e mucosas e até nos órgãos internos.
Coma e morte no fim de dois ou três dias, se não houver tratamento.
Geralmente, a peste septicêmica aparece na fase terminal da peste bubônica não tratada.
A forma pneumônica pode ser primária ou secundária à peste bubônica ou septicêmica por disseminação hematogênica. É a forma mais grave e mais perigosa da doença, por seu quadro clínico e alta contagiosidade, podendo provocar epidemias explosivas. Inicia-se com quadro infeccioso grave, de evolução rápida (febre muito alta, calafrios, arritmia, hipotensão, náuseas,
vômitos, astenia, obnubilação). Depois, surgem dor no tórax, respiração curta e rápida, cianose, expectoração sanguinolenta ou rósea, fluida, muito rica em bactérias. Surgem fenômenos de toxemia, delírio, coma e morte, se não houver instituição do tratamento precocemente.
Agente etiológico - Yersinia pestis, cocobacilo gram-negativo, com coloração mais acentuada nos pólos (bipolar).
Reservatórios - Roedores silvestres-campestres e sinantrópicos (Rattus rattus, Mus musculus) e os logomorfos (coelhos e lebres).
Vetores - Pulgas infectadas: Xenopsylla cheopis, Ctenocephalides canis (parasito do cão), Polygenis bohlsi jordani e Polygenis tripus (de roedores campestres), Leptopsylla segnis (parasito do Mus musculus), dentre outros.
Modo de transmissão - O principal modo de transmissão da Yersinia pestis ao homem é através da picada de pulgas infectadas.
A peste dos focos naturais é transmitida aos seres humanos quando estes se imiscuem no ciclo zoonótico, ou devido à interação de roedores domésticos e silvestres, alimentando o ciclo doméstico da peste. Nesse último caso, a intensa infestação por pulgas pode ocasionar transmissão persistente e manutenção do ciclo de transmissão. A transmissão da peste de reservatórios naturais para o homem pode eventualmente seguir o trâmite direto roedor silvestre - homem, porém habitualmente segue o fluxo roedor silvestre - pulga - roedor comensal - pulga g homem.
As gotículas transportadas pelo ar e os fômites de pacientes com peste pneumônica são a forma de transmissão mais freqüente de pessoa a pessoa. Tecidos de animais infectados, fezes de pulgas e culturas de laboratório também são fontes de contaminação para quem os manipula sem obedecer as regras de biossegurança.
Período de incubação - De 2 a 6 dias, ou de um dia para a peste pneumônica primária.
Período de transmissibilidade - As pulgas permanecem infectadas durante vários dias e até meses. A peste bubônica não é transmitida de pessoa a pessoa, exceto se houver contato com secreção de bubão supurado.
A peste pneumônica é altamente transmissível de pessoa a pessoa e seu período de transmissibilidade começa com o início da expectoração, permanecendo enquanto houver bacilos no trato respiratório. Esse período depende também do tratamento da doença.
Complicações - Choque séptico, insuficiência respiratória aguda.
Diagnóstico - Suspeita clínica-epidemiológica e exames específicos: bacteriológicos: bacterioscopia, cultura, hemocultura, inoculação em animais, provas bioquímicas (secreção colhida do bubão, escarro, exsudato orofaríngeo, sangue, fragmento de vísceras); sorológicos: hemaglutinação passiva, Dot-Elisa e imunofluorescência direta.
Diagnóstico diferencial - Adenites regionais supurativas, linfogranuloma venéreo, septicemias, pneumonias, forma bubônica da leishmaniose tegumentar americana.
Tratamento – Procure seu médico ou posto de saúde.
Características epidemiológicas - A peste, apesar de ser uma enzootia de roedores silvestres-campestres que só esporadicamente atinge ratos comensais e o homem, tem grande importância epidemiológica por seu potencial epidêmico, sendo, por isso, doença sujeita ao Regulamento Sanitário Internacional. Recentemente, em 1994, ocorreu uma epidemia de peste pneumônica na Índia, com altas taxas de letalidade.
É doença de cadeia epidemiológica complexa, pois envolve roedores silvestres, roedores sinantrópicos, carnívoros domésticos (cães e gatos) e silvestres (pequenos marsupiais), pulgas e o homem. A sua persistência em focos naturais delimitados, no Brasil (nos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro) e em outros países, torna difícil sua erradicação e impõe a manutenção regular do programa de vigilância e controle, mesmo com baixas ou esporádicas ocorrências e até mesmo na vigência de longos períodos sem manifestação aparente de atividade pestosa.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivos - Impedir a transmissão para humanos dos focos naturais
(prevenção primária); descobrir e cuidar precocemente dos casos humanos (prevenção secundária), para diminuir a letalidade da doença e impedir a reintrodução da peste urbana no Brasil.
Definição de caso
Suspeito - Todo paciente que apresentar quadro agudo de febre em área adstrita a um foco natural de peste, que evolua com adenite (“sintomático ganglionar”); todo paciente proveniente (no período de 1 a 10 dias) de área com epidemia de peste pneumônica e que apresente febre e outras manifestações clínicas da doença, especialmente sintomatologia respiratória;
Confirmado - Todo paciente com quadro clínico de peste e diagnóstico laboratorial confirmado, ou todo paciente com quadro clínico sugestivo de peste e história epidemiológica claramente compatível.
MEDIDAS DE CONTROLE
Focos naturais - Informar e orientar as comunidades quanto à existência de focos de peste na área e quanto às medidas de prevenção e controle; acompanhar a situação da população de roedores e pulgas, no ambiente doméstico e peridoméstico das habitações da área pestígena, através de capturas regulares; acompanhamento da atividade pestosa em animais, através de exames bacteriológicos de espécimes de roedores e pulgas e monitoramento soroepidemiológico de carnívoros (cães e gatos); evitar que roedores tenham acesso aos alimentos e ao abrigo; evitar picadas de pulgas em humanos; eliminar a população de roedores em situações especiais, antecedida pelo tratamento contra as pulgas (caso contrário, as pulgas, sem o seu alimento habitual, têm como alternativa invadir o ambiente doméstico).
Portos e aeroportos - Mantê-los livres de pulgas e roedores, através do tratamento com inseticidas e raticidas; examinar todas as naves e navios oriundos de área com peste pneumônica; colocar passageiros com quadro clínico suspeito sob vigilância; proceder a quimioprofilaxia indicada, sempre que houver algum caso de peste pneumônica em uma aeronave ou navio.
Vigilância de contatos - Manter sob estrita observação, por sete dias (período máximo de incubação), as pessoas que tiverem contato com peste pneumônica ou pulgas infectadas.
Controle do paciente - Tratar precoce e adequadamente; notificar imediatamente o caso; manter em isolamento restrito os casos pneumônicos; eliminar as pulgas das roupas e da habitação do paciente; realizar a desinfecção do escarro, das secreções purulentas, dos objetos contaminados e a limpeza terminal; manipular os cadáveres de acordo com as regras de assepsia.
Quimioprofilaxia de contatos – Procure seu médico ou posto de saúde.
Desinfestação - O ambiente onde vivem os contatos deve ser desinfestado (despulizado) de pulgas através do uso de inseticidas. Se houver indicação de desratização ou anti-ratização, eliminar as pulgas antes, para que as mesmas não invadam o ambiente doméstico. Vacinas são pouco usadas por não serem de aplicação prática e apresentarem baixa eficácia.
Coma e morte no fim de dois ou três dias, se não houver tratamento.
Geralmente, a peste septicêmica aparece na fase terminal da peste bubônica não tratada.
A forma pneumônica pode ser primária ou secundária à peste bubônica ou septicêmica por disseminação hematogênica. É a forma mais grave e mais perigosa da doença, por seu quadro clínico e alta contagiosidade, podendo provocar epidemias explosivas. Inicia-se com quadro infeccioso grave, de evolução rápida (febre muito alta, calafrios, arritmia, hipotensão, náuseas,
vômitos, astenia, obnubilação). Depois, surgem dor no tórax, respiração curta e rápida, cianose, expectoração sanguinolenta ou rósea, fluida, muito rica em bactérias. Surgem fenômenos de toxemia, delírio, coma e morte, se não houver instituição do tratamento precocemente.
Agente etiológico - Yersinia pestis, cocobacilo gram-negativo, com coloração mais acentuada nos pólos (bipolar).
Reservatórios - Roedores silvestres-campestres e sinantrópicos (Rattus rattus, Mus musculus) e os logomorfos (coelhos e lebres).
Vetores - Pulgas infectadas: Xenopsylla cheopis, Ctenocephalides canis (parasito do cão), Polygenis bohlsi jordani e Polygenis tripus (de roedores campestres), Leptopsylla segnis (parasito do Mus musculus), dentre outros.
Modo de transmissão - O principal modo de transmissão da Yersinia pestis ao homem é através da picada de pulgas infectadas.
A peste dos focos naturais é transmitida aos seres humanos quando estes se imiscuem no ciclo zoonótico, ou devido à interação de roedores domésticos e silvestres, alimentando o ciclo doméstico da peste. Nesse último caso, a intensa infestação por pulgas pode ocasionar transmissão persistente e manutenção do ciclo de transmissão. A transmissão da peste de reservatórios naturais para o homem pode eventualmente seguir o trâmite direto roedor silvestre - homem, porém habitualmente segue o fluxo roedor silvestre - pulga - roedor comensal - pulga g homem.
As gotículas transportadas pelo ar e os fômites de pacientes com peste pneumônica são a forma de transmissão mais freqüente de pessoa a pessoa. Tecidos de animais infectados, fezes de pulgas e culturas de laboratório também são fontes de contaminação para quem os manipula sem obedecer as regras de biossegurança.
Período de incubação - De 2 a 6 dias, ou de um dia para a peste pneumônica primária.
Período de transmissibilidade - As pulgas permanecem infectadas durante vários dias e até meses. A peste bubônica não é transmitida de pessoa a pessoa, exceto se houver contato com secreção de bubão supurado.
A peste pneumônica é altamente transmissível de pessoa a pessoa e seu período de transmissibilidade começa com o início da expectoração, permanecendo enquanto houver bacilos no trato respiratório. Esse período depende também do tratamento da doença.
Complicações - Choque séptico, insuficiência respiratória aguda.
Diagnóstico - Suspeita clínica-epidemiológica e exames específicos: bacteriológicos: bacterioscopia, cultura, hemocultura, inoculação em animais, provas bioquímicas (secreção colhida do bubão, escarro, exsudato orofaríngeo, sangue, fragmento de vísceras); sorológicos: hemaglutinação passiva, Dot-Elisa e imunofluorescência direta.
Diagnóstico diferencial - Adenites regionais supurativas, linfogranuloma venéreo, septicemias, pneumonias, forma bubônica da leishmaniose tegumentar americana.
Tratamento – Procure seu médico ou posto de saúde.
Características epidemiológicas - A peste, apesar de ser uma enzootia de roedores silvestres-campestres que só esporadicamente atinge ratos comensais e o homem, tem grande importância epidemiológica por seu potencial epidêmico, sendo, por isso, doença sujeita ao Regulamento Sanitário Internacional. Recentemente, em 1994, ocorreu uma epidemia de peste pneumônica na Índia, com altas taxas de letalidade.
É doença de cadeia epidemiológica complexa, pois envolve roedores silvestres, roedores sinantrópicos, carnívoros domésticos (cães e gatos) e silvestres (pequenos marsupiais), pulgas e o homem. A sua persistência em focos naturais delimitados, no Brasil (nos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro) e em outros países, torna difícil sua erradicação e impõe a manutenção regular do programa de vigilância e controle, mesmo com baixas ou esporádicas ocorrências e até mesmo na vigência de longos períodos sem manifestação aparente de atividade pestosa.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivos - Impedir a transmissão para humanos dos focos naturais
(prevenção primária); descobrir e cuidar precocemente dos casos humanos (prevenção secundária), para diminuir a letalidade da doença e impedir a reintrodução da peste urbana no Brasil.
Definição de caso
Suspeito - Todo paciente que apresentar quadro agudo de febre em área adstrita a um foco natural de peste, que evolua com adenite (“sintomático ganglionar”); todo paciente proveniente (no período de 1 a 10 dias) de área com epidemia de peste pneumônica e que apresente febre e outras manifestações clínicas da doença, especialmente sintomatologia respiratória;
Confirmado - Todo paciente com quadro clínico de peste e diagnóstico laboratorial confirmado, ou todo paciente com quadro clínico sugestivo de peste e história epidemiológica claramente compatível.
MEDIDAS DE CONTROLE
Focos naturais - Informar e orientar as comunidades quanto à existência de focos de peste na área e quanto às medidas de prevenção e controle; acompanhar a situação da população de roedores e pulgas, no ambiente doméstico e peridoméstico das habitações da área pestígena, através de capturas regulares; acompanhamento da atividade pestosa em animais, através de exames bacteriológicos de espécimes de roedores e pulgas e monitoramento soroepidemiológico de carnívoros (cães e gatos); evitar que roedores tenham acesso aos alimentos e ao abrigo; evitar picadas de pulgas em humanos; eliminar a população de roedores em situações especiais, antecedida pelo tratamento contra as pulgas (caso contrário, as pulgas, sem o seu alimento habitual, têm como alternativa invadir o ambiente doméstico).
Portos e aeroportos - Mantê-los livres de pulgas e roedores, através do tratamento com inseticidas e raticidas; examinar todas as naves e navios oriundos de área com peste pneumônica; colocar passageiros com quadro clínico suspeito sob vigilância; proceder a quimioprofilaxia indicada, sempre que houver algum caso de peste pneumônica em uma aeronave ou navio.
Vigilância de contatos - Manter sob estrita observação, por sete dias (período máximo de incubação), as pessoas que tiverem contato com peste pneumônica ou pulgas infectadas.
Controle do paciente - Tratar precoce e adequadamente; notificar imediatamente o caso; manter em isolamento restrito os casos pneumônicos; eliminar as pulgas das roupas e da habitação do paciente; realizar a desinfecção do escarro, das secreções purulentas, dos objetos contaminados e a limpeza terminal; manipular os cadáveres de acordo com as regras de assepsia.
Quimioprofilaxia de contatos – Procure seu médico ou posto de saúde.
Desinfestação - O ambiente onde vivem os contatos deve ser desinfestado (despulizado) de pulgas através do uso de inseticidas. Se houver indicação de desratização ou anti-ratização, eliminar as pulgas antes, para que as mesmas não invadam o ambiente doméstico. Vacinas são pouco usadas por não serem de aplicação prática e apresentarem baixa eficácia.
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