INTRODUÇÃO
A compreensão sobre a dinâmica viral e celular na infecção pelo HIV, ao lado do desenvolvimento de novas classes de drogas, propiciaram reformulação na terapêutica anti-retroviral, resultando no advento do tratamento combinado com duas ou mais drogas.
Esses avanços levaram a alteração na história natural da doença, proporcionando menor morbi-mortalidade. Essa reformulação foi também baseada em estudos internacionais que evidenciaram ser tal estratégia de maior eficácia na redução da replicação viral.
Apesar dos benefícios da terapêutica anti-retroviral, esta deve ser usada criteriosamente, devendo-se analisar, com cuidado, cada caso; do contrário, estaremos correndo o risco da indução de resistência aos anti-retrovirais disponíveis.
Um fator fundamental para a eficácia do esquema terapêutico é a adequada adesão ao tratamento por parte da criança e responsáveis. Tal questão deve ser considerada quando da individualização do esquema prescrito. Na escolha do regime anti-retroviral, devem ser considerados os principais fatores que influenciam na adesão: (1) disponibilidade e palatabilidade da formulação; (2) impacto do esquema terapêutico na qualidade de vida, incluindo número de medicamentos, freqüência de administração e necessidade de ingestão
com ou sem alimentos; (3) habilidade dos responsáveis na administração de regimes complexos; e (4) potencial de interação com outras drogas. Recomenda-se, dentro das possibilidades de cada serviço, a formação de Grupos Multidisciplinares de Adesão.
Sabe-se, pela história natural da aids pediátrica, que a evolução varia desde crianças rapidamente progressoras até não-progressoras. Múltiplos são os fatores que contribuem para os diferentes padrões de progressão da doença em crianças, incluindo época da infecção, genótipo e fenótipo viral, carga viral, resposta imune e constituição genética individual. Portanto, acompanhamento clínico, avaliação imunológica e virológica seriados são fundamentais para avaliar o prognóstico e orientar decisões terapêuticas.
Novas drogas adicionadas ao arsenal terapêutico pediátrico como nevirapina, efavirenz, abacavir, amprenavir e indinavir apresentam experiência limitada na população
pediátrica e, portanto, devem ser usadas com critérios bem estabelecidos, com especial atenção a potenciais e graves efeitos adversos.
A mensuração da carga viral constitui parâmetro fundamental para o monitoramento da eficácia do tratamento. Entretanto, somente para crianças com idade superior a 30 meses a carga viral pode ser utilizada como um dos parâmetros que orientam o início da terapia anti-retroviral.
Considerando a necessidade de incorporar novos fármacos e de atualizar as novas indicações e esquemas de terapia anti-retroviral ao Guia de Tratamento da Infecção pelo HIV em Crianças, a Coordenação Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids, do Ministério da Saúde realizou, em Brasília, reunião do Grupo Assessor da Terapia Antiretroviral em Crianças, para promover a revisão deste documento, cujo resultado apresentamos ao leitor.
Ressalte-se que o objetivo fundamental do presente texto é servir como guia terapêutico. Recomenda-se, assim, que o médico consulte outras fontes para a compreensão de todos os aspectos envolvidos nos cuidados necessários a crianças infectadas pelo HIV.
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