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Gonorreia

 

A gonorreia é uma das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) mais comuns no mundo, causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae. Essa bactéria pode infectar a uretra, o colo do útero, o reto, a garganta e os olhos, causando sintomas como dor ao urinar, corrimento vaginal ou peniano, sangramento entre os períodos menstruais, dor pélvica ou testicular e conjuntivite. Em alguns casos, porém, a infecção pode ser assintomática, o que facilita a sua transmissão e complica o seu diagnóstico.

A gonorreia é transmitida principalmente pelo contato sexual vaginal, oral ou anal com uma pessoa infectada. A infecção também pode passar da mãe para o bebê durante o parto, podendo causar problemas oculares graves no recém-nascido. Por isso, é importante que as gestantes façam o pré-natal e sejam testadas para a gonorreia e outras ISTs. Além disso, o uso de preservativo em todas as relações sexuais é a melhor forma de prevenir a gonorreia e outras doenças.

Mas qual é a origem da gonorreia? Como essa bactéria surgiu e se espalhou pelo mundo? Essas são perguntas difíceis de responder com precisão, pois os registros históricos sobre a gonorreia são escassos e controversos. Alguns estudiosos acreditam que a gonorreia já existia na antiguidade, sendo mencionada em textos bíblicos e médicos de diversas civilizações. Outros defendem que a gonorreia foi trazida da América pelos europeus após o contato com os povos indígenas no século XV.

Uma das evidências mais antigas da gonorreia é um papiro egípcio datado de cerca de 1500 a.C., que descreve uma doença caracterizada por corrimento uretral e tratada com substâncias vegetais. Outros textos antigos da China, Índia, Grécia e Roma também relatam casos de infecções genitais semelhantes à gonorreia, mas nem sempre é possível distinguir essas doenças da sífilis, outra IST causada por uma bactéria.

O termo gonorreia foi cunhado pelo médico grego Galeno no século II d.C., derivado das palavras gregas gonos (semente) e rhoia (fluxo), referindo-se à secreção purulenta que saía do pênis dos homens infectados. Galeno acreditava que essa secreção era composta por sementes perdidas durante a relação sexual. Essa teoria foi contestada posteriormente por outros médicos, que propuseram diferentes causas e tratamentos para a doença.

No século XV, após as viagens de Colombo à América, houve um surto de uma doença venérea na Europa que ficou conhecida como "mal francês" ou "grande praga". Essa doença provocava feridas nos órgãos genitais, erupções na pele, febre, dores articulares e neurológicas e até morte. Muitos historiadores consideram que essa doença era a sífilis, que teria sido introduzida na Europa pelos marinheiros que retornaram da América. No entanto, alguns pesquisadores sugerem que essa doença era na verdade uma forma mais virulenta de gonorreia, que teria sofrido uma mutação genética após o contato com uma bactéria semelhante encontrada nos nativos americanos.

A descoberta do agente causador da gonorreia só ocorreu em 1879, quando o médico alemão Albert Neisser identificou a bactéria Neisseria gonorrhoeae em amostras de secreção uretral de homens infectados. Neisser também foi o primeiro a demonstrar que a gonorreia podia ser transmitida da mãe para o filho durante o parto e que podia causar complicações como artrite e endocardite.

O tratamento da gonorreia mudou ao longo dos séculos, desde remédios caseiros até antibióticos modernos. No passado, eram usados métodos como lavagens uretrais com soluções ácidas ou alcalinas, injeções de mercúrio ou prata coloidal, cauterização das lesões com ferro quente ou ácido nítrico e até cirurgias para remover parte da uretra ou do colo do útero. Esses métodos eram muitas vezes ineficazes e dolorosos, podendo causar mais danos do que benefícios aos pacientes.

A partir do século XX, com o desenvolvimento dos antibióticos, o tratamento da gonorreia tornou-se mais simples e eficaz. Inicialmente, eram usados compostos de sulfonamida, mas logo surgiram cepas resistentes da bactéria. Depois foram introduzidos outros antibióticos como penicilina, tetraciclina, espectinomicina e cefalosporinas. No entanto, a resistência bacteriana continuou aumentando ao longo dos anos, tornando alguns desses medicamentos obsoletos.

Atualmente, o tratamento recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a gonorreia é uma injeção intramuscular de ceftriaxona associada a um comprimido oral de azitromicina. Essa combinação visa reduzir o risco de resistência e tratar possíveis coinfecções por clamídia. No entanto, já foram relatados casos de gonorreia resistente à ceftriaxona em alguns países, o que representa um grave problema de saúde pública.

A gonorreia é uma doença antiga que ainda afeta milhões de pessoas no mundo todo. A sua origem é incerta e envolve aspectos históricos, culturais e biológicos. A sua prevenção e tratamento dependem da conscientização das pessoas sobre os riscos da doença e do uso correto dos preservativos e dos antibióticos. A pesquisa científica também é fundamental para desenvolver novas formas de combater essa bactéria que se adapta constantemente ao ambiente humano.

Referências:

: Gonorreia – Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Gonorreia

: Gonorreia - Infecções - Manual MSD Versão Saúde para a Família: https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infecções/doenças-sexualmente-transmissíveis-dsts/gonorreia

: Gonorréia: https://www.scielo.br/j/rsbmt/a/FMdXKS3jWvz3dMWJYhFN5pn/

: Gonorreia: o que é: https://saude.abril.com.br/medicina/o-que-e-gonorreia/

: Neisser A: The etiology of gonorrhea: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20895607/

: WHO guidelines for the treatment of Neisseria gonorrhoeae: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4972334/

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