6.13. Aconselhamento e Encaminhamentos
A maioria dos PRD nacional atua nos espaços de interação social dos UD e UDI (salvo algumas experiências que ocorreram no âmbito de serviços de saúde), em locais de compra e consumo de drogas, nos quais as pessoas, algumas vezes, estão muito intoxicadas ou motivadas apenas a usar drogas.
Essa realidade de trabalho dos PRD deve ser considerada especialmente com relação aos componentes de aconselhamento e encaminhamento, uma vez que estas intervenções exigem algumas condições básicas, tais como respeito ao sigilo e à privacidade e o estabelecimento de vinculo de confiança, alem de uma capacidade mínima de concentração por parte das pessoas envolvidas.
Existem situações de aconselhamento e encaminhamento que tratam ou envolvem conteúdos e informações de caráter genérico e não-pessoal que podem ser realizadas nos espaços de atuação do redutor (bares, rua, salas de uso etc.) e na presença de outras pessoas, sem maiores problemas. No entanto, a natureza dessas intervenções – tanto do aconselhamento quanto do encaminhamento – é justamente de reconhecer demandas e esclarecer duvidas face às condições de exposição a riscos de saúde ou sociais particulares dos indivíduos. O redutor deve, então, estar atento às possíveis necessidades, dificuldades e demandas individuais dos UD e UDI e, uma vez identificadas, criar condições para uma conversa mais reservada que garanta o sigilo e a privacidade.
Faz parte do trabalho do redutor, por exemplo, ensinar como se coloca corretamente um preservativo, o que deve ser feito, de preferência, como recurso de uma demonstração. O emprego de uma boa técnica, no entanto, não implica, necessariamente, que todas as pessoas ficarão esclarecidas e se sentirão seguras e a vontade para usar o preservativo.
Digamos que em uma determinada rede de interação social, mesmo depois de várias explicações e demonstrações acerca da colocação do preservativo e da insistência do redutor quanto à importância do sexo seguro, exista um UDI que sempre recuse o preservativo distribuído pelo redutor. Neste caso, parece-nos apropriado que o redutor invista no aconselhamento individualizado, par entender melhor quais os motivos que levam esse UDI a recusar o preservativo, e, durante a sessão de aconselhamento, procurar explorar as justificativas dadas pelo UDI, problematizando cada uma delas (sou casado, só tenho uma namorada, não gosto, perco a ereção, não sinto prazer etc.), com o objetivo de identificar e trabalhar as possíveis dificuldades.
Esse exemplo demonstra uma outra condição para a efetividade do aconselhamento individualizado: a necessidade de vinculo positivo entre o redutor e a rede de UDI. Ou seja, um bom aconselhamento depende da qualidade do vinculo e da confiança ente as pessoas envolvidas, que deve ser avaliada pela equipe, especialmente no trabalho de campo, ao eleger os redutores mais preparados para aconselhar em cada caso.
Pela mesma razão, o redutor deve se sentir à vontade em uma situação de aconselhamento, reconhecer seus limites, estar seguro acerca dessas informações que transmite e ter tranqüilidade de reconhecer que não sabe ou não tem certeza quando perguntado sobre algo que não domina, comprometendo-se a buscar a informação correta e repassá-la posteriormente.
Todas estas considerações são validas pra as situações de encaminhamento, cabendo, apenas, uma discussão de algumas particularidades.
Nas abordagens de campo com a rede de UD, UDI e Profissionais do Sexo, os redutores devem levar em consideração que, na maioria das vezes, essas pessoas experimentam varias forma de exclusão social em seu cotidiano. Essa condição faz com que essas populações sejam portadoras de necessidades das mais diversas ordens (moradia, documentação, assistência social e jurídica, cuidados de saúde etc.), nem sempre sendo capazes de explicitar claramente suas demandas, porque não conhecem seus direitos, porque não reconhecem a legitimidade das instituições pra atendimento de suas necessidades ou ainda, porque foram discriminados por sua condição de UD, UDI e Profissionais do Sexo quando procuraram aquelas instituições. Os encaminhamentos realizados pela equipe do PRD devem, portanto, ser qualificados com base nessa realidade.
Nessa direção – e para diminuir os efeitos dos processos de exclusão social a que estão submetidos os UD em geral – é preciso um esforço da equipe do PRD para garantir o acesso, o acolhimento e o atendimento dessas pessoas pela rede de serviços sociais e de saúde de referencia do PRD. O esforço para qualificação do encaminhamento é tanto em relação aos UD, UDI e Profissionais do Sexo quanto em relação aos serviços de referencia e aos profissionais que neles atuam.
Os UD, UDI e Profissionais do Sexo devem ser esclarecidos quando aos seus diretos, informados sobre os critérios de inclusão de cada serviço, o tipo de atendimento prestado, os horários de funcionamento e a existência ou não de fila de espera das instituições para onde estão sendo referidos e, ainda, estimulados a rever seus preconceitos com relação aos profissionais e às instituições.
Da mesma forma, os PRD devem contribuir para que os profissionais dos serviços de referencia reconheçam os direitos, a particularidade do universo cultural e as necessidades dos UD, UDI e Profissionais do Sexo, contribuindo assim para a superação de resistências, mitos e sentimentos de medo e impotência, tantas vezes explicitados por trabalhadores de saúde em treinamentos e outros eventos promovidos pelo PRD em varias instituições.
A maioria dos PRD nacional atua nos espaços de interação social dos UD e UDI (salvo algumas experiências que ocorreram no âmbito de serviços de saúde), em locais de compra e consumo de drogas, nos quais as pessoas, algumas vezes, estão muito intoxicadas ou motivadas apenas a usar drogas.
Essa realidade de trabalho dos PRD deve ser considerada especialmente com relação aos componentes de aconselhamento e encaminhamento, uma vez que estas intervenções exigem algumas condições básicas, tais como respeito ao sigilo e à privacidade e o estabelecimento de vinculo de confiança, alem de uma capacidade mínima de concentração por parte das pessoas envolvidas.
Existem situações de aconselhamento e encaminhamento que tratam ou envolvem conteúdos e informações de caráter genérico e não-pessoal que podem ser realizadas nos espaços de atuação do redutor (bares, rua, salas de uso etc.) e na presença de outras pessoas, sem maiores problemas. No entanto, a natureza dessas intervenções – tanto do aconselhamento quanto do encaminhamento – é justamente de reconhecer demandas e esclarecer duvidas face às condições de exposição a riscos de saúde ou sociais particulares dos indivíduos. O redutor deve, então, estar atento às possíveis necessidades, dificuldades e demandas individuais dos UD e UDI e, uma vez identificadas, criar condições para uma conversa mais reservada que garanta o sigilo e a privacidade.
Faz parte do trabalho do redutor, por exemplo, ensinar como se coloca corretamente um preservativo, o que deve ser feito, de preferência, como recurso de uma demonstração. O emprego de uma boa técnica, no entanto, não implica, necessariamente, que todas as pessoas ficarão esclarecidas e se sentirão seguras e a vontade para usar o preservativo.
Digamos que em uma determinada rede de interação social, mesmo depois de várias explicações e demonstrações acerca da colocação do preservativo e da insistência do redutor quanto à importância do sexo seguro, exista um UDI que sempre recuse o preservativo distribuído pelo redutor. Neste caso, parece-nos apropriado que o redutor invista no aconselhamento individualizado, par entender melhor quais os motivos que levam esse UDI a recusar o preservativo, e, durante a sessão de aconselhamento, procurar explorar as justificativas dadas pelo UDI, problematizando cada uma delas (sou casado, só tenho uma namorada, não gosto, perco a ereção, não sinto prazer etc.), com o objetivo de identificar e trabalhar as possíveis dificuldades.
Esse exemplo demonstra uma outra condição para a efetividade do aconselhamento individualizado: a necessidade de vinculo positivo entre o redutor e a rede de UDI. Ou seja, um bom aconselhamento depende da qualidade do vinculo e da confiança ente as pessoas envolvidas, que deve ser avaliada pela equipe, especialmente no trabalho de campo, ao eleger os redutores mais preparados para aconselhar em cada caso.
Pela mesma razão, o redutor deve se sentir à vontade em uma situação de aconselhamento, reconhecer seus limites, estar seguro acerca dessas informações que transmite e ter tranqüilidade de reconhecer que não sabe ou não tem certeza quando perguntado sobre algo que não domina, comprometendo-se a buscar a informação correta e repassá-la posteriormente.
Todas estas considerações são validas pra as situações de encaminhamento, cabendo, apenas, uma discussão de algumas particularidades.
Nas abordagens de campo com a rede de UD, UDI e Profissionais do Sexo, os redutores devem levar em consideração que, na maioria das vezes, essas pessoas experimentam varias forma de exclusão social em seu cotidiano. Essa condição faz com que essas populações sejam portadoras de necessidades das mais diversas ordens (moradia, documentação, assistência social e jurídica, cuidados de saúde etc.), nem sempre sendo capazes de explicitar claramente suas demandas, porque não conhecem seus direitos, porque não reconhecem a legitimidade das instituições pra atendimento de suas necessidades ou ainda, porque foram discriminados por sua condição de UD, UDI e Profissionais do Sexo quando procuraram aquelas instituições. Os encaminhamentos realizados pela equipe do PRD devem, portanto, ser qualificados com base nessa realidade.
Nessa direção – e para diminuir os efeitos dos processos de exclusão social a que estão submetidos os UD em geral – é preciso um esforço da equipe do PRD para garantir o acesso, o acolhimento e o atendimento dessas pessoas pela rede de serviços sociais e de saúde de referencia do PRD. O esforço para qualificação do encaminhamento é tanto em relação aos UD, UDI e Profissionais do Sexo quanto em relação aos serviços de referencia e aos profissionais que neles atuam.
Os UD, UDI e Profissionais do Sexo devem ser esclarecidos quando aos seus diretos, informados sobre os critérios de inclusão de cada serviço, o tipo de atendimento prestado, os horários de funcionamento e a existência ou não de fila de espera das instituições para onde estão sendo referidos e, ainda, estimulados a rever seus preconceitos com relação aos profissionais e às instituições.
Da mesma forma, os PRD devem contribuir para que os profissionais dos serviços de referencia reconheçam os direitos, a particularidade do universo cultural e as necessidades dos UD, UDI e Profissionais do Sexo, contribuindo assim para a superação de resistências, mitos e sentimentos de medo e impotência, tantas vezes explicitados por trabalhadores de saúde em treinamentos e outros eventos promovidos pelo PRD em varias instituições.